Num país que, como muitos outros, ainda existe debate sobre como acolher melhor quem chega, o Município do Fundão (Região Centro) tornou-se caso de estudo. Com cerca de 27 mil habitantes, estimativas recentes apontam 4–5 mil residentes estrangeiros, de mais de 70 nacionalidades — proporção rara em cidades desta dimensão. Reportagens nacionais destacam o Fundão como referência no acolhimento, chegando a descrevê-lo como “capital da inclusão e diversidade”, pela consistência das políticas locais e dos resultados alcançados. 

No terreno, a política pública virou rota integrada de serviços. O Centro para as Migrações do Fundão (CMF) articula acolhimento, integração e autonomização, com eixos bem definidos: alojamento e bens essenciais, encaminhamento na saúde, aprendizagem do idioma (Português Língua de Acolhimento, via IEFP), inserção laboral, apoio documental e “Bolsa de Casas” para acesso à moradia.

 O CLAIM – Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes funciona como porta de entrada informativa. O reconhecimento extravasa a escala local. Em setembro de 2024, a AIMA levou ao Fundão sua direção para visitar o Centro para as Migrações, o CLAIM, sublinhando o município como exemplo operacional no Plano de Ação para as Migrações. 

Para além das estruturas, há resultados mensuráveis. Segundo cobertura regional recente, mais de 70% dos migrantes que chegam ao Fundão permanecem, contribuindo para setores como agricultura, indústria, ação social, turismo e construção, com desemprego em torno de 6% — um indicador do mercado de trabalho aquecido e da relevância da migração para a economia local. 

O exemplo do Fundão mostra que políticas de migração bem estruturadas não apenas acolhem quem chega, mas também geram impacto econômico, social e cultural duradouro. A cidade prova que inclusão e desenvolvimento podem caminhar juntos — e que investir em pessoas é, no fim, investir em toda a comunidade.