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Brasil faz campanha histórica e fica em 3º no Mundial de natação paralímpica na Madeira
A Ilha da Madeira entra para a história do esporte paralímpico brasileiro como o local em que os nadadores do país realizaram a maior campanha de todos os tempos em um Campeonato Mundial. Após sete dias de provas, o Brasil terminou na terceira colocação com 19 ouros, 10 pratas e 24 bronzes, o que totalizou 53 medalhas.
Já a participação portuguesa no Campeonato do Mundo de Natação 2022 realizado nas Piscinas Olímpicas do Funchal de 12 a 18 de junho terminou com três medalhas conquistadas. Susana Veiga conquistou a prata nos 50m livres S9, Diogo Cancela o bronze nos 200m estilos S8 e Marco Meneses também o bronze nos 100m costas S11. A comitiva portuguesa composta por 10 nadadores conquistou ainda 10 recordes nacionais e 10 presenças em finais.
A Itália sagrou-se campeã geral, com 27 ouros, 24 pratas, 13 bronzes e 64 no total. Os Estados Unidos terminaram no segundo posto, com 24 ouros, nove pratas e sete bronzes (40). Até as últimas provas de sábado, a Grã-Bretanha permaneceu no encalço do Brasil pela terceira posição.
Em algum momento durante as finais da tarde, as duas nações estiveram empatadas com 17 ouros e 10 pratas, mas o Brasil manteve-se em terceiro por ter 24 bronzes, contra sete dos britânicos. Somente com o ouro de Gabriel Bandeira, na última prova individual do programa, nos 100m borboleta da classe S14, para atletas com deficiência intelectual, que o Brasil conseguiu desgarrar da perseguição britânica.
Os britânicos ficaram em quarto com 17 ouros, 13 pratas e oito bronzes. Se levarmos em consideração o quadro de medalhas pelo total de premiações, independente da posição, o Brasil foi o segundo melhor do Mundial, com 53, e a Itália mantém-se na liderança com 64.
“Muito felizes com os resultados conquistados, foi um trabalho árduo, um processo de renovação muito grande, e um misto com alguns atletas com boa experiência, numa troca muito boa que contribui para esta campanha, o que nos deixa bem confiantes para o que pode acontecer nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Claro que tem muito caminho pela frente, mas ficamos confiantes. Temos de agradecer a todos os clubes, aos treinadores e à equipe multidisciplinar que deram todo o suporte para que pudéssemos realizar esta campanha histórica”, disse Jonas Freire, diretor de Alto Rendimento do Comitê Paralímpico Brasileiro.
“É uma honra fazer parte dessa campanha histórica. Imagina, daqui uns 10 anos, o pessoal vai ver que o Brasil fez essa campanha neste Mundial e eu ser um dos participantes, para mim é uma grande honra”, vibrou Bandeira, o dono do último ouro brasileiro em Funchal. “Contribuir para esta campanha histórica do país, fazer parte disso é escrever a história minha e do meu país”, disse, emocionada, Mariana Gesteira, a campeã dos 50m livre da classe S9.
O Brasil participou do Mundial de natação na Ilha da Madeira com 29 atletas, sendo 13 estreantes. A campanha do Brasil superou a de Eindhoven 2010, quando conquistamos 14 ouros, 13 dos quais com a participação da dupla Daniel Dias e Andre Brasil – ambos aposentados do esporte de alto rendimento atualmente. Ultrapassamos também o Mundial de 2017, na Cidade do México, quando fomos 36 vezes ao pódio. Naquela ocasião, no entanto, o evento não contou com a participação de Rússia, Grã-Bretanha, Austrália, Canadá, entre outras nações, em decorrência de um terremoto que adiou o início da competição.
O último dia de competição em Portugal reservou, além do ouro de Bandeira, a medalha de ouro de Mariana Gesteira, nos 50m livre da classe S9; a dobradinha brasileira nos 200m livre da classe S4, com Lídia Cruz em segundo lugar e Patrícia Santos, em terceiro; os bronzes nos 100m livre de Larissa Rodrigues na S3 e de Joaninha Neves na S5.
A prova de Bandeira foi uma versão individual do embate entre Brasil e Grã-Bretanha pelos melhores lugares no pódio. O paulista e o britânico Reece Dunn protagonizaram um belo duelo na última vez que se encontraram em uma competição internacional, no ano passado.
Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, Dunn quebrou o recorde paralímpico ainda na eliminatória dos 100m borboleta (55s99). Na final, contudo, Bandeira não só o suplantou, ao conquistar o ouro, como estabeleceu nova melhor marca do evento (54s74).
Nas eliminatórias deste sábado, na Ilha da Madeira, Bandeira voltou a ser o mais rápido, com 57s12, contra 57s48 de Dunn. Na final, a medalha que definiu a posição final dos dois países no quadro de medalhas veio com a vitória de Bandeira sobre Dunn com relativa tranquilidade. O atleta de Indaiatuba, que hoje mora e treina em Uberlândia, no clube Praia, garantiu o ouro com o tempo de 55s02, enquanto que Dunn ficou com a prata (56s85) e o dinamarquês Alexander Hillhouse foi bronze (57s16).
“Muito difícil essa prova, ainda mais no último dia, o tempo que fiz não foi o que eu queria, mas estou feliz pelo ouro”, comentou. Gabriel Bandeira deixará a Ilha da Madeira com três ouros, uma prata e dois bronzes neste Mundial. Ele foi campeão nos 200m livre e nos 200m medley, e vice nos 100m costas. Além disso, compôs o time medalhista de bronze nos revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley.
Antes de Bandeira, Mariana Gesteira garantira a 18ª medalha dourada para o Brasil. Nos 50m livre da classe S9, ela teve até torcida contra. Sua adversária na raia cinco era a portuguesa Susana Veiga. As pequenas arquibancadas do Complexo de Piscinas Olímpicas de Funchal estavam lotadas, com o público local em favor de Veiga.
Gesteira, contudo, não deu chance para a torcida sonhar com o ouro nesta prova. Dominou durante todo os 50m e garantiu a vitória com a marca de 28s18, contra 28s92 da adversária portuguesa. O bronze ficou com Sarai Gascon, da Espanha (29s19). Foi a terceira medalha de Mariana Gesteira na competição. Ela já havia conquistado o ouro nos 100m livre e o bronze nos 100m costas.
“Eu já estava muito cansada, mas trabalhei muito a resiliência, esta foi a nona vez que nadei aqui na Ilha da Madeira, e foi preciso ir bem profundo de mim para conseguir chegar a este resultado. Foi a segunda melhor marca pessoal de toda a minha vida nesta prova. Eu queria muito estar aqui, entrei nessa prova com a sensação de despedida, última caída neste ano neste Mundial, nesta piscina”, comentou.
O próximo Mundial de natação paralímpica será realizado em julho de 2023 na cidade inglesa de Manchester.
Fonte: Mundo Lusíada
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