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Câmara do Porto aprova por unanimidade a transladação do coração de D. Pedro para o Brasil

Nesta segunda-feira, o executivo da Câmara do Porto aprovou por unanimidade a transladação temporária do coração de D. Pedro para o Brasil no âmbito das comemorações do bicentenário da independência do país.

Na proposta, aprovada hoje por unanimidade, o presidente da câmara, Rui Moreira, assinala que o município pretende autorizar a transladação temporária do órgão através da celebração de um contrato de comodato a celebrar com o governo brasileiro.

“Tratando-se de um bem cultural, enquanto bem móvel que representa testemunho material com valor de civilização ou cultura, está sujeito a um especial regime de proteção e valorização”, salienta.

O autarca esclarece que para que a transladação não comprometesse a integridade do órgão foi pedida uma peritagem técnica ao Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, que concluiu ser possível realizar a mesma, mediante a “exigência de um transporte em ambiente pressurizado”.

“A Câmara Municipal do Porto assegurará todas as diligências necessárias, assim como a articulação com outras entidades, em especial com as autoridades brasileiras, no que concerne à segurança da operação de transporte”, afirma o autarca, adiantando que os custos serão assumidos pelo governo brasileiro.

Em 22 de junho, o presidente da Câmara Municipal do Porto anunciou que a trasladação do coração de D. Pedro para o Brasil, no âmbito das comemorações do bicentenário da independência deste país, seria autorizada.

Em 30 de maio, o embaixador brasileiro George Prata, um dos coordenadores das comemorações, anunciou que o governo brasileiro tinha enviado um pedido oficial a Portugal para a trasladação do coração de D. Pedro. Disse também que, se a trasladação fosse possível, a ideia é que, “em primeiro, o coração vá para Brasília”, capital do país.

O rei D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV para Portugal foi o monarca que conduziu o Brasil, antiga colônia portuguesa, à independência e cujo corpo se encontra na cidade de São Paulo.

O Município do Porto vai associar-se às celebrações dos 200 anos de independência do Brasil, com diversas iniciativas, como a organização de uma exposição sobre a relevante presença de D. Pedro na cidade, intitulada ‘Pedro, a Independência do Brasil e o Porto’, um concerto no renovado órgão da Igreja da Lapa, contando também com um conjunto de publicações, conferências e visitas, segundo Rui Moreira.

No último dia 11, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Luiz Eduardo Ramos, visitou os Paços do Concelho, e foi recebido pelo presidente da Câmara do Porto. Na altura, o governante brasileiro mostrou-se bastante satisfeito com a possibilidade de contar com a presença do coração de D. Pedro nas comemorações. “A emoção do Brasil em receber o coração de D. Pedro é tão grande que corre o risco de voltar a bater”, sublinhou Luiz Eduardo Ramos.

O coração que D. Pedro IV doou ao Porto não está guardado a sete chaves, mas são precisas cinco, mais mil cuidados e uma complexa operação para o retirar do mausoléu da igreja da Lapa, como aconteceu em 2009.

A descrição foi feita em 2013 à Lusa por Ribeiro da Silva, historiador e mesário da Ordem da Lapa, alertando para a fragilidade do coração do “Rei Soldado”, que morreu em Queluz em setembro de 1834 e chegou ao Porto em fevereiro de 1835.

“Não podemos vê-lo porque o coração é órgão frágil e este tem muitos anos. Receamos que possa estar em estado precário. As operações são muito complexas, tudo isso agita muito e temos receio de um mau resultado. Tentamos que se abra o menos possível”, observou o professor, em entrevista à Lusa.

O coração de D. Pedro deverá ficar exposto alguns dias no Porto antes de seguir em viagem ao Brasil, em avião da Força Aérea Brasileira, que será transportado em recipiente selado nas mãos do presidente da Câmara, Rui Moreira, que tem a guarda da relíquia.

Fonte: Mundo Lusíada

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