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Centro do Atlântico proposto por Portugal foi formalizado com 16 países

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho (D), durante a apresentação do Centro do Atlântico – Atlantic Centre, uma iniciativa multinacional liderada por Portugal, que lida com análise, diálogo e capacitação focados no Atlântico como um todo, na Base Aérea n.º 4, Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores, 13 de maio de 2021. ANTÓNIO ARAÚJO/LUSA

 

O Centro do Atlântico, iniciativa de Portugal que integra 16 países, formalizado na última sexta-feira, representa uma “nova frente de apoio à paz e à estabilidade no oceano Atlântico”, sublinhou o ministro da Defesa Nacional.

“Aquilo que nós estamos hoje a celebrar é um momento inaugural de uma instituição pioneira, que pela primeira vez na história reúne os países atlânticos em torno daquilo que os une que é o oceano Atlântico. Parece estranho que isso nunca tenha acontecido no passado”, avançou, em declarações aos jornalistas, João Gomes Cravinho.

O ministro falava na Praia da Vitória, na ilha Terceira, à margem de um exercício de simulação de um resgate no mar, numa situação de pirataria, que envolveu a Marinha e a Força Aérea portuguesas.

O exercício encerrou um curso intensivo, iniciado na segunda-feira, na base das Lajes, na ilha Terceira, sobre segurança marítima no golfo da Guiné, que contou com a participação de 25 auditores de 13 nacionalidades.

Esta foi a primeira iniciativa organizada pelo Centro do Atlântico, que é hoje formalizado, através de uma declaração política conjunta assinada por 16 países.

João Gomes Cravinho disse que a proposta do Ministério da Defesa português, lançada ainda pelo anterior ministro, Azeredo Lopes, foi “recebida de forma muito espontânea, muito imediata” e “com grande satisfação” pelos restantes países que integram o centro.

“Aquilo que estamos a propor aqui é, na realidade, uma nova perspetiva, uma nova frente de apoio à paz e à estabilidade no oceano Atlântico, que é tão importante para nós e para tantos outros países”, frisou.

Segundo o ministro da Defesa, o centro vai permitir um diálogo político “que nunca aconteceu”, envolvendo todas as partes do Atlântico, mas também a partilha de conhecimento entre universidades, centros de investigação e forças armadas dos diferentes países e a capacitação e formação.

“Tivemos aqui esta semana o primeiro curso de muitos, esperemos, juntando auditores e muitos países do Atlântico e professores de um elevado número de países para criar um conhecimento partilhado”, reforçou.

A participação no centro é “aberta a todos os países do Atlântico”, tendo como critério fundamental “o empenho na paz e na estabilidade do Atlântico”.

Para além de Portugal, assinam a declaração conjunta Alemanha, Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha, Estados Unidos da América, França, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Marrocos, Reino Unido, São Tomé e Príncipe, Senegal e Uruguai.

A sede do centro será instalada na base das Lajes, na ilha Terceira, em infraestruturas desocupadas pela Força Aérea norte-americana.

“Nós queremos que a base das Lajes seja o epicentro do `Atlantic Centre´. Os cursos, tal como aquele que hoje acaba, terão lugar aqui na base das Lajes, que tem excelentes instalações e haverá um investimento do Ministério da Defesa em novas infraestruturas”, avançou Gomes Cravinho.

A instituição, que chegou a chamar-se Centro de Defesa do Atlântico, foi anunciada como uma forma de mitigação da redução militar norte-americana na base das Lajes, iniciada em 2015, mas, questionado sobre os postos de emprego que poderá vir a criar na ilha Terceira, o ministro disse que ainda não é possível quantificar.

“A relevância do Atlantic Centre vai muito para além da mera ideia de criar novos empregos para substituir empregos que entretanto desapareceram. Alguns empregos virão, empregos qualificados, o que levará à fixação de pessoas aqui na ilha Terceira, mas neste momento ainda é muito cedo para poder quantificar. Daqui a alguns anos estaremos em condições de responder a essa pergunta, mas alguns empregos, seguramente que sim”, afirmou.

Reestruturação

O ministro da Defesa recusou comentar uma carta enviada por 28 ex-chefes militares que contesta a reforma das Forças Armadas e considerou que “o que é importante” é que as propostas serão debatidas no parlamento.

“Não tenho mais comentários a fazer. Essa matéria já foi comentada por diversas vezes e o que é importante é que na terça-feira o assunto será debatido no Parlamento, que é a casa mãe da democracia”, afirmou.

Numa carta divulgada pela imprensa portuguesa, Expresso e Diário de Notícias, 28 ex-chefes de Estado-Maior dos três ramos, incluindo o ex-Presidente da República general Ramalho Eanes (Exército), o almirante Fuzeta da Ponte (Armada) e o general Brochado Miranda (Força Aérea), bem como seis antigos chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), contestam o processo da reforma das Forças Armadas (FA) em curso e apelam a um debate alargado à sociedade civil.

As propostas do Governo que alteram a Lei de Defesa Nacional e a Lei Orgânica das Forças Armadas, aprovadas em Conselho de Ministros no dia 08 de abril, centralizam competências no chefe do CEMGFA.

Fonte: Mundo Lusíada

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