No encontro de governantes brasileiros e portugueses em Lisboa, neste sábado (22) foi anunciado a instalação de um escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Lisboa.

Segundo o presidente brasileiro, a medida vai “mostrar a seriedade da relação entre Brasil e Portugal”. A declaração foi feita na XIII Cimeira Brasil-Portugal, evento realizado em Lisboa com o objetivo de estreitar a cooperação bilateral entre os dois países.

A solenidade contou com a participação do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e foram assinados 13 acordos nas áreas de educação, justiça, saúde, economia e cultura. Lula destacou a importância da assinatura dos acordos bilaterais, após sete anos de interrupção da Cimeira Brasil-Portugal.

Lula da Silva frisou os laços históricos que juntam os dois países e considerou que “os brasileiros não olham para Portugal como um país estrangeiro, mas sim como a extensão da sua casa, e os portugueses olham para o Brasil como a extensão da sua casa”.

“Queremos partilhar com Portugal as possibilidades de investimento, queremos convencer os nossos empresários a não comprar empresas portuguesas ou as portuguesas a não comprar empresas brasileiras, o que queremos é construir políticas de ‘compartilhamento’, de sociedades, que cresçam juntas, e é isso que vai dar a possibilidade de o Brasil ter o lugar que já deveria ter conquistado no mundo”, disse Lula da Silva no final da intervenção que marcou o final da 13.ª cimeira bilateral, citou agencia Lusa.

O Presidente do Brasil chegou na sexta-feira a Lisboa, para uma visita de Estado a convite do chefe de Estado português, cujo programa oficial começou hoje e termina na terça-feira de manhã.

No Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa e Lula da Silva tiveram primeiro um encontro restrito, depois alargado a ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Brasil, chefes da Casa Civil e Militar da Presidência portuguesa, ministro-chefe da Secretária-Geral da Presidência brasileira e consultores e assessores dos respectivos gabinetes.

Fórum empresarial

A viagem do presidente Lula à Península Ibérica conta com participação da ApexBrasil e uma delegação de 75 empresários, de mais de 60 empresas brasileiras, que participarão de seminário empresarial, rodadas de networking e visitas técnicas. O “Fórum Empresarial Portugal-Brasil: Parcerias para a Inovação” acontece em Matosinhos, nesta segunda-feira (24).

O evento, que será realizado no Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), terá a participação do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do Primeiro-Ministro português Antônio Costa.

Pelo lado brasileiro, coorganizam o evento a ApexBrasil, o Ministério de Relações Exteriores (MRE) e o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com apoio do Banco do Brasil. Participam da abertura, o Presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, a Presidente do CEiiA, Isabel Folhadela de Furtado, e Luís Rebelo de Sousa, Administrador Executivo da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

Foram priorizadas empresas de setores com alto padrão de inovação e que indicam o futuro da relação bilateral, como tecnologia, incluindo um grupo de startups, mobilidade, saúde e transição energética. Os empresários brasileiros que compõem a delegação estão majoritariamente ligados a estas áreas de atuação. O seminário será composto por quatro painéis focados em cada um desses setores, nos quais serão explorados o potencial de parceria comercial e atração de investimentos bilaterais.

Um dos destaques é a participação da Embraer, que abordará os desafios da mobilidade urbana e regional pós-pandemia, destacando inovações urbanas, como o seu “veículo voador”, e o compromisso crescente com a transição energética e a descarbonização. O CEIIA, onde será realizado o evento, contribuiu para o desenvolvimento do KC-390 da Embraer, que foi incorporado à Força Aérea Portuguesa – um marco de cooperação empresarial entre Brasil e Portugal.

Também integra o Fórum a Fiocruz, que tem parceria histórica com instituições portuguesas na área da saúde, aprofundada pela cooperação no período da pandemia. Além destes, o lado brasileiro contará com representante do Banco do Brasil, que falará sobre a importância de investimentos em novas fontes energéticas, como energia eólica e hidrogênio verde, e o potencial brasileiro nesta área. Por fim, um painel sobre inovação e startups terá a participação da Abstartups e da SOFTEX.

O Fórum abrigará ainda a assinatura de Memorando de Entendimento entre a AICEP, a contraparte portuguesa da ApexBrasil, com quem a Agência brasileira firmará parceria para promoção e internacionalização de startups e pequenas e médias empresas, cooperação econômica e comercial entre países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), além de ações de promoção de exportação com a perspectiva de gênero. Inclusive, dos 4 painéis do seminário, 3 terão representação de lideranças femininas pelo lado brasileiro.

Após o seminário, os cerca de 150 empresários de ambos os países participarão de rodadas de networking. Ainda como parte da programação, haverá visitas técnicas a centros de desenvolvimento tecnológico e empresa portuguesa na área de mobilidade para cidades inteligentes.

As importações de produtos brasileiros quase duplicaram no ano passado, para mais de 4,5 mil milhões de euros, agravando a balança comercial, que é negativa para Portugal em 3,6 mil milhões de euros.

De acordo com os dados compilados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para a agencia Lusa, Portugal exportou, no ano passado, 918 milhões de euros, quase batendo o valor de 2017, quando as vendas de produtos portugueses foram de 943 milhões de euros.

Ainda assim, a balança comercial, pelo menos nos últimos seis anos, tem sido sempre favorável ao Brasil, que quase quadruplicou as vendas para Portugal, que passaram de 1,2 mil milhões de euros, em 2017, para mais de 4,5 mil milhões de euros no ano passado.

O Brasil foi o 13.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2021, com uma quota de 1,1% no total, ocupando a 8.ª posição ao nível das importações (3,1%), e entre 2017 e 2021 verificou-se uma diminuição média anual das exportações de 6,8% e um crescimento de 24,9% nas importações.

Fonte: Mundo Lusíada