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“Receitas que contam histórias” é o novo projeto das Aldeias Históricas de Portugal

O projeto “Receitas que Contam Histórias – Gastronomia e Vinhos das Aldeias Históricas de Portugal” foi  apresentado no último dia 16 em Linhares da Beira, e tem intuito de recuperar o “extraordinário” legado gastronômico do território e seu destino turístico. A ementa especial também pode ser experienciada em restaurantes da região Centro de Portugal.

 

Organizado pela Associação das Aldeias Históricas de Portugal, foram feitas recolhas de testemunhos junto da população residente, com o objetivo de identificar as receitas que são a essência do território. “Receitas repletas de segredos, História e estórias que importa guardar e transmitir de geração em geração, como verdadeiros tesouros que são” defende a associação.

 

Participaram da apresentação o presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira e da Associação Aldeias Históricas de Portugal, Carlos Ascensão, ainda Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo, João Carlos Santos, diretor da Direção Geral do Patrimônio Cultural, Carlos Ascensão, Presidente da Direção da Aldeias Históricas de Portugal, Dalila Dias, Diretora Executiva da Aldeias Históricas, Olga Cavaleiro, Investigadora em História e Cultura Gastronómica, José Luís Marques, Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra (EHTC), Rodolfo Queirós, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), entre outros convidados das 12 Aldeias Históricas.

 

Uma intensa investigação no domínio da arqueologia alimentar que teve início em junho, e juntou entrevistas, por três meses, com residentes das 12 Aldeias Históricas (na sua maioria anciãos) para recolha detalhada dos saberes, receitas, métodos de confecção, especificidades, tradições e produtos endógenos existentes ou que até se tenham “perdido” no tempo.

 

A ideia com este trabalho das Aldeias Históricas de Portugal foi, não apenas, perpetuar este patrimônio imaterial, mas desenvolver ferramentas que permitam a apropriação da cultura gastronômica por parte dos agentes econômicos do setor da restauração e da hotelaria, mas também da população da região.

 

A aposta vai ao encontro à “Estratégia Farm to Fork”, que está no cerne do Pacto Ecológico Europeu, e que tem como objetivo tornar os sistemas alimentares justos, saudáveis e ecológicos.

 

Foram identificadas as receitas na sequência das entrevistas realizadas à população das aldeias Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso, e depois o seu desenvolvimento por parte da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, com harmonização de vinhos da região, através de uma parceria com a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior.

 

A Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra também foi responsável pela realização de “workshops” e de sessões de formação para os agentes privados do setor da hotelaria e restauração do território.

 

Deste processo, 14 restaurantes foram capacitados para produzirem os menus Receitas que Contam Histórias com a chancela Aldeias Históricas de Portugal, na região das Beiras: Casa do Castelo, Belmonte Sinai Hotel, Casa da Esquila, Casa da Cisterna, Taverna da Matilde, Colmeal Countryside Hotel, Pedra Nova- Turismo de Aldeia, O Pecado (Convento do Seixo Fundão), Cova da Loba, Dom Gabriel, D’Aqui e d’Acolá, D’aqui e D’acolá-Pardieiros, Monsanto GeoHotel Escola e Pé de Cabra-Mercearia Moderna, .

 

Legado

 

Entre os destaques nestes pratos que contam história está a Bola Doce, considerado pelos habitantes como o doce mais importante de Almeida; a Bola Parda, de importância cultural e quase mítica em Castelo Rodrigo; as Migas de Peixe ou as Migas de Tomate de Castelo Rodrigo; as Migas Rechiadas de Trancoso ou o Galo do Entrudo da mesma Aldeia Histórica; a Sangria, o Ensopado de Cabra e uma variedade de Migas em Idanha-a-Velha; a Batateira em Monsanto; os Pés de Borrego em Belmonte; o Arroz Tostado ou Jantar em dia de S. José, Castelo Novo; a Bola de Sardinha e Carolos, de Piódão; e a Sopa Seca e Sopa de Natal, de Linhares.

 

Além do patrimônio dos enchidos, com Buchos, Palaios e Chouriças de Ossos (Sortelha, Almeida, Castelo Rodrigo) e, ainda, Morcelas Doces (C. Rodrigo, Almeida, Castelo Mendo).

 

“Para a Associação das Aldeias Históricas de Portugal, este projeto é extraordinariamente importante para a consolidação do território como destino turístico sustentável de qualidade, associado a experiências turísticas diferenciadoras e inovadoras, assentes na valorização dos recursos naturais e culturais, com capacidade para criar valor e potenciar o ‘saber-fazer’ do capital humano local” diz António Robalo, Presidente da Associação das Aldeias Históricas de Portugal.

 

“O nosso ‘know-how’ e recursos podem e devem ser colocados ao serviço dos territórios e suas comunidades, sempre em benefício do desenvolvimento turístico das regiões e do país. A carta gastronômica das Aldeias Históricas de Portugal é um dos melhores exemplos disso mesmo” declarou José Luís Marques, Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra.

 

O projeto, que alavanca a dinamização da economia local e a promoção da sustentabilidade e inclusão, marca o início da parceria entre as Aldeias Históricas de Portugal e a CVR da Beira Interior.

 

“É mais um desafio que abraçamos com entusiasmo, certos que estamos da sua adequação à gastronomia local. Produzidos por mãos experientes, a partir de castas autóctones como as Brancas Síria, Arinto ou Fonte Cal, e as tintas Rufete, Trincadeira, Jaen, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Marufo, entre outras, serão, seguramente, fator positivo para a coesão territorial que a Carta Gastronômica das Aldeias Históricas de Portugal pretende alcançar” defendeu Rodolfo Queirós, Presidente da Direção da CVR Beira Interior.

 

A iniciativa é realizada ao abrigo do Programa Valorizar, linha de apoio “Valorização Turística do Interior”, e co-financiada pelo Turismo de Portugal.

Fonte: Mundo Lusíada

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