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Tombamento: Manaus incluído no rol das cidades históricas do Brasil

Hospital Beneficente Português do Amazonas, fundado em 1873 por imigrantes portugueses na cidade de Manaus.

Foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (28) a homologação do tombamento do Centro Histórico de Manaus (AM). A publicação da portaria é mais uma etapa do processo de reconhecimento do conjunto urbano, já protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A homologação é uma avaliação de conveniência e oportunidade realizada pelo Ministério do Turismo. Quando um tombamento é homologado, o chefe da pasta aprova as decisões tomadas nas fases anteriores do processo.

Concluída essa etapa, o Centro Histórico de Manaus será inscrito em dois dos quatro livros do tombo: o Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico e o Histórico. A inscrição concluirá os trâmites do reconhecimento federal.

O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, destaca a importância da ampliação de áreas protegidas em todo o país. “A homologação do tombamento do Centro Histórico de Manaus reflete um compromisso do nosso governo com a proteção e preservação da história e identidade do povo brasileiro. Este ato inclui, definitivamente, Manaus no rol das cidades históricas do Brasil”, ressaltou Machado Neto.

A poligonal de tombamento protegida pelo Iphan abrange uma área entre a orla do rio Negro e o entorno do Teatro Amazonas. Os monumentos refletem o espírito da Belle Époque, quando a capital amazonense era conhecida como uma das metrópoles da borracha. No auge do ciclo do produto, o Brasil exportou 42 mil toneladas do insumo em um único ano, dinheiro que financiou boa parte do conjunto urbano.

“O Centro Histórico de Manaus é mais do que beleza: é a monumentalização dos ideais de uma época, de um importante momento econômico e cultural do Brasil. Sendo fundamental para o exercício do direito à memória, esse bem deve ser protegido pelo Iphan”, afirma Larissa Peixoto, presidente do Instituto.

Metrópole da borracha

As origens de Manaus remontam a 1669, durante o período colonial, no contexto da interiorização da América Portuguesa. A ocupação que posteriormente daria origem à cidade começou na margem esquerda do rio Negro, a partir do forte de São José da Barra do Rio Negro. O nome da cidade deriva da nação Manaó, um dos povos indígenas mais importantes da região. Tornou-se capital do Amazonas em 1889, com a Proclamação da República.

A arquitetura e o urbanismo característicos do conjunto foram criados entre os séculos XIX e XX. A partir de 1892, o governo de Eduardo Ribeiro elaborou um plano para coordenar o crescimento da cidade.

Manaus ganhou o serviço de transporte coletivo de bondes elétricos, telefonia, eletricidade e água encanada, além de um porto flutuante, que passou a receber navios de diversas bandeiras. As ruas, parques e praças arborizados também surgiram nessa onda modernizadora: esses equipamentos eram vistos como instrumentos para garantir a salubridade e a beleza das urbes. A Praça da Saudade e a já desaparecida Praça Oswaldo Cruz são locais que refletem os ideais oitocentistas.

À época, o látex era matéria-prima basilar para a industrialização mundial. Manaus estava no epicentro da cadeia de fornecimento do insumo: junto com Belém, era o principal ponto de escoamento da produção dos seringais amazônicos.

Edifícios monumentais erguidos no Centro Histórico de Manaus refletem a opulência e a euforia da época. É o caso do Teatro Amazonas, inaugurado em 1896. O espaço foi projetado para atender às necessidades do que era uma das cidades mais prósperas do mundo, e que recebia – e recebe –companhias de espetáculos do exterior.

Investimentos

Mesmo antes de o tombamento ser homologado, o Iphan já trabalhava em prol da proteção e do desenvolvimento do Centro Histórico de Manaus. Só entre os anos de 2017 e 2021, os técnicos da autarquia analisaram 374 propostas de intervenção dentro do perímetro protegido.

O conjunto urbano recebeu, ainda, diversos investimentos no âmbito do Programa de Preservação de Cidades Históricas. Foram oito ações que contaram com a participação do Iphan, em parceria com a Prefeitura de Manaus, como requalificação urbanística da Praça XV de Novembro (Praça da Matriz) e Relógio Municipal; Transferência do Pavilhão Universal da Praça Terneiro Aranha para a Praça Adalberto Vale; da Praça Dom Pedro II; Restauração da Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista; Restauração do Antigo Hotel Cassina (Centro da Inovação Cassina); Antiga Câmara Municipal (Centro de Arqueologia) e outros.

A autarquia e o restante do governo federal investiram aproximadamente R$ 9 milhões nessas ações.

Há uma ação em curso no Teatro Amazonas, um dos principais monumentos da cidade. O imóvel está em processo de modernização do sistema de prevenção e combate a incêndios, com entrega estimada para outubro deste ano. As melhorias somam pouco mais de R$ 2,6 milhões em recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Fonte: Mundo Lusíada

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